Testamento Poetico |
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Author:
| Sousa, Coelho |
Intro and Notes by:
| Sousa, Dionisio |
ISBN: | 978-1-4927-0706-6 |
Publication Date: | Sep 2013 |
Publisher: | CreateSpace Independent Publishing Platform
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Book Format: | Paperback |
List Price: | USD $20.00 |
Book Description:
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A obra po#65533;tica de Coelho de Sousa tem caracter#65533;sticas singulares. Alguma tem um tom coloquial e intimista voltada para os seus dramas pessoais, no choque entre a sua fina sensibilidade, as op#65533;#65533;es religiosas de fundo e as suas incertezas de realiza#65533;#65533;o e sublima#65533;#65533;o. #65533; uma permanente busca de supera#65533;#65533;o dos limites humanos, da sua debilidade e limita#65533;#65533;es pessoais e a exig#65533;ncia da transcend#65533;ncia de um...
More DescriptionA obra po#65533;tica de Coelho de Sousa tem caracter#65533;sticas singulares. Alguma tem um tom coloquial e intimista voltada para os seus dramas pessoais, no choque entre a sua fina sensibilidade, as op#65533;#65533;es religiosas de fundo e as suas incertezas de realiza#65533;#65533;o e sublima#65533;#65533;o. #65533; uma permanente busca de supera#65533;#65533;o dos limites humanos, da sua debilidade e limita#65533;#65533;es pessoais e a exig#65533;ncia da transcend#65533;ncia de um ideal que o orienta, que aponta um destino final, mas n#65533;o lhe d#65533; conforto e certezas inabal#65533;veis para o choque e o confronto com a realidade humana e social. O que se traduz por uma poesia angustiada e atormentada. Um exemplo:J#65533; cai de maduroo fruto da vidaque trago em mime sou o que sou assimmist#65533;rioou enigma segurona teia do tempocom asas de ventoe olhos de fogoem que me procuro.A outra face da sua po#65533;tica #65533; aquela que brota do seu profundo e vital enraizamento na sua sociedade, na sua cultura e no seu povo. Nascido e vivendo no meio do povo, participa e exprime poeticamente as suas alegrias e tristezas. Canta o povo terceirense e a#65533;oriano e as suas tradi#65533;#65533;es, usos e viv#65533;ncias. Um exemplo:Gentes do campo em descansoCouves ao lume para a ceia...Como #65533; belo, como #65533; mansoO fim do dia na aldeia.Este profundo enraizamento no povo e suas manifesta#65533;#65533;es art#65533;sticas d#65533;-lhe oportunidade de um outro tipo de poesia, que tem o tom, a leveza, a simplicidade do melhor que se escreveu em quadras de gosto popular.Atirei pedras ao marSem o mar me fazer malQuanto mais pedras atiroMais o mar se fica igual.Quantas pedras atirei Todas se foram ao fundo.S#65533; n#65533;o lhes posso atirarPedras que me atira o mundo...Neste jogo de pedradaCada pedra cai na #65533;gua.Umas caem sobre o marOutras nas ondas da m#65533;goa.Poesia da transcend#65533;ncia. Poesia da iman#65533;ncia. Poesia das viv#65533;ncias pessoais. Poesia das viv#65533;ncias colectivas. Poesia. Sempre poesia.Outras duas tem#65533;ticas centrais na poesia de Coelho de Sousa, s#65533;o o mar e ilha. Vive poeticamente a sua condi#65533;#65533;o de ilh#65533;u, nestas duas dimens#65533;es indissoci#65533;veis. Ao mar, dedica tr#65533;s conjuntos de poemas para falar e cantar, o mar-saudade, o mar-espelho e o mar e a dor.Tens um segredo qualquerQue me queres revelarQual seja podes dizerQue o guardarei, lindo mar.Quanto #65533; ilha, ela assumir#65533; duas dimens#65533;es na poesia de Coelho de Sousa : A ilha f#65533;sica, em que ele geograficamente vive, e a ilha m#65533;tica do amor-por-vir.Palmo a palmo, passo a passoDesde o vale at#65533; #65533; serra,Vou por essa ilha foradar a volta #65533; minha terra.Quanto #65533; ilha m#65533;tica, projec#65533;#65533;o dos seus anseios e aspira#65533;#65533;es, ele dir#65533;, a encerrar um poema:Importa conquistara liberdade...E sobre o marh#65533;-de surgira ilha do amorpor vir, alegre e sem horror.Aqui unem-se os dois temas: a ilha e o mar. N#65533;o uma ilha qualquer , mas a ilha-do-amor- por-vir. N#65533;o um mar qualquer, mas um mar" alegre e sem horror". Ainda mais um breve refer#65533;ncia a duas dimens#65533;es e enquadramentos da poesia de Coelho de Sousa. Coelho de Sousa #65533; tamb#65533;m o poeta da condi#65533;#65533;o humana e o poeta da condi#65533;#65533;o crist#65533; e da poesia religiosa. Exemplos ao acaso:Que a todos chegue a venturaToda a boca tenha p#65533;o,Toda a nudez cobertura,Toda a dor consola#65533;#65533;o...E este outro:Cada manh#65533; que se rasgaNa claridade do sol,#65533; um canto de alegriaNo canto do rouxinolNo trinar da cotovia.Quanto #65533; condi#65533;#65533;o crist#65533;, um exemplo:E fiz que o tempo as m#65533;ospusesse ao p#65533; de um ber#65533;o..Os anjos em redor rezaram como irm#65533;os.E eu fiquei, no teu divino amor, imerso.Exemplo da poesia dos temas religiosos:Tu sabes bem que #65533; verdade:Longe de Deus, a vida #65533; nada!E todos temos saudade da felicidade passadaQue n#65533;o h#65533; frutos sem sol,Nem dia sem arrebol!Que a noite #65533; feia sem luaE a vida assim n#65533;o #65533; tua.Esta vis#65533;o sum#65533;ria e resumida da poesia de Coelho de Sousa permite-nos dizer que nele, o humano demasiado humano conviveu poeticamente com o divino, demasiado divino.