A Cidade Construída e a Cidade Sonhada

O momento cultural em que vivemos #65533; marcado por uma sobrevaloriza#65533;#65533;o da nossa dimens#65533;o individual e por um apagamento insistente da nossa dimens#65533;o coletiva.#65533; resist#65533;ncia contempor#65533;nea ao reconhecimento de n#65533;s pr#65533;prios, para al#65533;m da dimens#65533;o individual, corresponde tamb#65533;m uma resist#65533;ncia ao reconhecimento de outros tempos na constru#65533;#65533;o da contemporaneidade e, mesmo no ocaso do espirito...
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O momento cultural em que vivemos #65533; marcado por uma sobrevaloriza#65533;#65533;o da nossa dimens#65533;o individual e por um apagamento insistente da nossa dimens#65533;o coletiva.#65533; resist#65533;ncia contempor#65533;nea ao reconhecimento de n#65533;s pr#65533;prios, para al#65533;m da dimens#65533;o individual, corresponde tamb#65533;m uma resist#65533;ncia ao reconhecimento de outros tempos na constru#65533;#65533;o da contemporaneidade e, mesmo no ocaso do espirito moderno e num momento em que a moral mais difusa levanta in#65533;meros obst#65533;culos #65533; transforma#65533;#65533;o do mundo pela obra do Homem, a dimens#65533;o da novidade continua a fazer esquecer quanto dessa novidade #65533; feita de continuidade e a forma como o nosso tempo, o instante de oportunidade das nossas vidas, n#65533;o #65533; mais que uma estreita junta entre passado e futuro, havendo a possibilidade de preencher coerentemente esse ef#65533;mero hiato.A ideia de continuidade, no espa#65533;o e no tempo, entre a nossa exist#65533;ncia individual e a experi#65533;ncia coletiva, est#65533; diretamente ligada #65533; ideia de identidade, de patrim#65533;nio gen#65533;tico, de um viver comum que, de alguma forma, formatou de maneira identit#65533;ria um modo de viver, um modo de mudar o Mundo, de o descrever, e esses modos permitem um sentido de territ#65533;rio independente do sentido de posse, e estabelecido sobretudo pela ideia de comunidade, de partilha de experi#65533;ncias comuns e da exist#65533;ncia de instrumentos para descrever e processar essas experi#65533;ncias.#65533; ideia de reconhecimento, est#65533; ligada a estranha sensa#65533;#65533;o que sentimos, quando damos a volta ao Mundo e num lugar onde nunca t#65533;nhamos estado antes, subitamente reconhecermos, numa esquina de uma rua, num fragmento de uma conversa, num cheiro, num olhar ou num gesto, os lugares da nossa inf#65533;ncia, os almo#65533;os de domingo e as pedras da casa em que nascemos.Habitamos espa#65533;os e paisagens, mas habitamos tamb#65533;m a nossa l#65533;ngua, o universo em que se constroem e viajam as nossas ideias e significados, a narrativa das nossas experi#65533;ncias, a comunica#65533;#65533;o do que aprendemos, a quem queremos ensinar, estabelecendo a constru#65533;#65533;o coerente da Cultura.