Apoteótico: Os Maiores Carnavais de Todos Os Tempos

O ano de 1960 é emblemático, não só para o carnaval carioca, como também para a própria história do país. A capital federal fora transferida do Rio de Janeiro para a "Novacap", Brasília, inaugurada no governo de Juscelino Kubitschek. As escolas de samba prestaram uma homenagem à antiga capital, fazendo parte da "Marcha do Adeus", uma procissão que terminaria no Palácio do Catete, sede do poder executivo brasileiro de 1897 a 1960. No mesmo ano foi proposto um "Supercampeonato", com as...
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O ano de 1960 é emblemático, não só para o carnaval carioca, como também para a própria história do país. A capital federal fora transferida do Rio de Janeiro para a "Novacap", Brasília, inaugurada no governo de Juscelino Kubitschek. As escolas de samba prestaram uma homenagem à antiga capital, fazendo parte da "Marcha do Adeus", uma procissão que terminaria no Palácio do Catete, sede do poder executivo brasileiro de 1897 a 1960. No mesmo ano foi proposto um "Supercampeonato", com as doze escolas do Grupo I. Cinco agremiações foram seriam consideradas campeãs, em uma apuração tumultuada, em que prevaleceu a sagacidade da maior figura que as escolas de samba já conheceram: Natal da Portela (que tomou muita pancada durante a leitura das notas), que, percebendo que o campeonato escorria para o lado do Salgueiro, propôs que o título fosse dividido entre a sua escola, o próprio Salgueiro, Mangueira, Império Serrano (as quatro grandes da época) e Capela. Mal sabiam que, enquanto as demais agremiações comemoravam o campeonato, ele e a Portela sagrariam-se tetracampeões do carnaval carioca, fato que ele faria questão de deixar claro para Casemiro Calça Larga, figura maior salgueirense, logo após oficializado o acordo. 1960, mais do que qualquer outra coisa, representa um marco na história dos desfiles das escolas de samba. Foi o ano da chamada "Revolução Salgueirense", liderada pelo cenógrafo Fernando Pamplona, que posicionaria, pela primeira vez, o negro como protagonista em um enredo e não mais "heróis de capa e espada". Revolução temática e estética, que, de tão marcante, ecoa até os dias de hoje, o que faz o ano de 1960 ser considerado um dos marcos do carnaval carioca.