Manuscrito II - Fragmentos Sem Data Dum Diario Notas, Apontamentos Ficcionados (o Eu Como Investigacao e Materia Fundadora de Criacao) |
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Author:
| ACunha, M. |
Series title: | Obra Amada - Rosto Dividido. o Nome e o Nao-Nome Intactos Ser. |
ISBN: | 978-1-5001-0800-7 |
Publication Date: | Aug 2014 |
Publisher: | CreateSpace Independent Publishing Platform
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Book Format: | Paperback |
List Price: | USD $16.40 |
Book Description:
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[subjectivo]Misturo a minha caligrafia aos teus olhos, Leitor - para ser entendida.(...) Fui chamada de louca. Por vezes sinto que enlouqueci mas apenas quando julgo que talvez seja Paracelso que cumprindo a promessa de que mesmo depois de morto continuaria a vir para acordar os vivos, me ande a importunar. Ou que Madame Blavatsky #65533; minha mentora espiritual e est#65533; imperdo#65533;vel comigo e que talvez eu tenha sido Juan T e a pobre esposa de Maximiniano esteja a acertar...
More Description[subjectivo]Misturo a minha caligrafia aos teus olhos, Leitor - para ser entendida.(...) Fui chamada de louca. Por vezes sinto que enlouqueci mas apenas quando julgo que talvez seja Paracelso que cumprindo a promessa de que mesmo depois de morto continuaria a vir para acordar os vivos, me ande a importunar. Ou que Madame Blavatsky #65533; minha mentora espiritual e est#65533; imperdo#65533;vel comigo e que talvez eu tenha sido Juan T e a pobre esposa de Maximiniano esteja a acertar contas comigo agora que j#65533; n#65533;o sou o abade mas apenas este ser desmemoriado dos meus pecados de outras vidas. N#65533;o devem ter sido poucas: que eu tenha infamado Lucr#65533;cia B#65533;rgia e que esta tenha enviado agora o jardineiro, em pessoa liter#65533;ria, para o necess#65533;rio ajuste, que eu tenha sido a formosa Filipa de Saboia que o mundo n#65533;o desculpa porque n#65533;o lhe reconhece as culpas ou o seu amante-mais-tarde-marido e do cub#65533;culo de Sintra o esp#65533;rito de nosso desventurado rei Dom Afonso VI fa#65533;a sobre mim a sua justa justi#65533;a, que eu seja culpada de lesa-identidade porque aquela que se tem proclamado Anastasia o mundo n#65533;o reconhece nesse nome porque eu tenha emboscado os Rommanoff - e n#65533;o #65533; que #65533; minha cabeceira h#65533; dois anos est#65533; a Ressurrei#65533;#65533;o de Lev Tolstoi? Ou que por acidente todas as mol#65533;culas e todos os #65533;tomos que comp#65533;em os traidores, os vis, os caluniadores, esta determinada estirpe de assassinos encarnou em mim para a expia#65533;#65533;o? Os pecados destas outras vidas, ainda que respons#65533;vel por eles, pode o ser que deles n#65533;o se lembra por eles ser responsabilizado? Que interrup#65533;#65533;o de n#65533;s #65533; esta nesta vida? Ao que serve o esquecimento a que somos sujeitos? (...)(...) nada de mim restou. A n#65533;o ser estes restos de ferida. Ent#65533;o, entrego a todos, ao mundo, o que devo sem saber o que devo, e assim fa#65533;o das feridas a subst#65533;ncia medicinal n#65533;o sei de que doen#65533;a minha ou nossa ou dos esp#65533;ritos de al#65533;m, meus textos sejam panos e ligaduras para os necess#65533;rios tratamentos - e se n#65533;o forem necess#65533;rios - haver#65533; com certeza uma despensa para rem#65533;dios de que n#65533;o h#65533; doen#65533;as para curarem. Neste caso sui generis em que excresce o antibi#65533;tico dum micr#65533;bio que n#65533;o existe n#65533;o h#65533; raz#65533;o para dispens#65533;rio. Nesta enfermaria n#65533;o h#65533; doentes. Que fazer destes trapos de alma? Os concedo n#65533;o aos leitores, creio n#65533;o os terei, mas apenas #65533;quele que #65533; criador de alma. Devoto meus textos-ferida aos, como eu, criadores da sua pr#65533;pria alma. O que est#65533; muito al#65533;m de literatura e #65533;, como esta, Eternidade. Voltando ao mist#65533;rio da psique que em suas dores mentais cria (estas, outras dores, internas e geradas no seio pr#65533;prio, incontaminadas do exterior), a palavra trazida duma imagem que se oculta e protege torna o nosso pensamento um tesouro. O intelecto mata o mist#65533;rio na exterioridade mas o ser #65533; vivo na sua intimidade. Por isso toda a palavra bem ou mal acedida apresenta-se fechada como uma luz inviolada que n#65533;o #65533; poss#65533;vel testemunhar na n#65533;voa das florestas nunca penetradas e para sempre desconhecidas: apenas aos caminhantes das obscuridades elas em espiritual comunica#65533;#65533;o n#65533;o se ocultam. Eis o verdadeiro mist#65533;rio. Mas as #65533;rvores lembram. E lembram as suas sombras, na frescura e na escurid#65533;o das suas sombras, nelas se albergam vigilantes imp#65533;vidas dalgum inc#65533;ndio posto, diverso da primeira luz, tamb#65533;m aquele que caminha como sombras e vislumbre #65533; invis#65533;vel aos outros. Na sua mente, onda obscura de luz, o g#65533;nesis e o nada s#65533;o a mat#65533;ria infind#65533;vel da sua intemporal ocupa#65533;#65533;o, o pensamento. Ambos os hemisf#65533;rios s#65533;o plenos de mem#65533;ria.Do posf#65533;cioMJ ACunha