Minuto Fotográfico |
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Author:
| Chamarelli, Milton |
ISBN: | 979-8-6639-3656-9 |
Publication Date: | Jul 2020 |
Publisher: | Independently Published
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Book Format: | Paperback |
List Price: | USD $20.13 |
Book Description:
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Apaixonei-me pela fotografia quando comecei a analisar a linguagem discursivamente. Embora os textos aqui não analisem a imagem - fato que acaba marcando a minha carreira num período de 20 anos - refletem um ponto a que cheguei após ter muito pesquisado a fotografia. Era uma novidade para mim o fato de a imagem dizer tanto ou mais do que a linguagem verbal, sobretudo nas publicidades, objeto de estudo da minha dissertação de mestrado. Encantava-me o fato de a imagem dizer junto à...
More DescriptionApaixonei-me pela fotografia quando comecei a analisar a linguagem discursivamente. Embora os textos aqui não analisem a imagem - fato que acaba marcando a minha carreira num período de 20 anos - refletem um ponto a que cheguei após ter muito pesquisado a fotografia. Era uma novidade para mim o fato de a imagem dizer tanto ou mais do que a linguagem verbal, sobretudo nas publicidades, objeto de estudo da minha dissertação de mestrado. Encantava-me o fato de a imagem dizer junto à linguagem. Encontrar ferramentas compatíveis com a metodologia do discurso foi o primeiro passo a ser dado. Hoje, penso, que a grande dificuldade era ter haurido, por muito tempo, de uma metodologia digital, para aplicar à linguagem analógica. A inquietante teoria de Roland Barthes era a ferramenta de que eu precisava e ainda preciso. Porque sua brilhante abordagem legava ao futuro muitos dos apontamentos que podem ser feitos sobre o a cultura de massa. O passo seguinte foi encontrar na fotografia algo de essencial que a distinguisse das outras mídias, mas que a colocasse também no patamar das outras artes. Ingressei no doutorado em Comunicação e Semiótica, e lá pude me aprofundar no conhecimento da Semiótica peirceana. Abro um parêntese aqui para dizer que os textos que aqui seguem têm por norte esta linha de pensamento. Eles estão na sequência da minha tese, A filosofia da fotografia; alguns foram suprimidos por motivos de ordem didática mesmo, afinal, uma tese é sempre um texto sempre mais árido. Mas boa parte do que lá está o leitor encontrará aqui também. Hoje eu diria que eu percorri todos os caminhos que poderiam me levar a entender a fotografia como uma fatia de um espaço-tempo, uma fabulação da realidade, um signo de representação que instaura a subjetividade num artefato mecânico, que é, ao mês ao tempo, regido pelas leis da física e da química. E é essa subjetividade que a torna linguagem porque é alçada à dimensão dos signos que podem caminhar por vida própria, já sem a intervenção plena do homem. Nesse momento, o homem é muito mais um mediador que conduz os signos de uma linguagem que se retroalimenta dessa capacidade, que é a de renovar a percepção sobre o mundo que nos cerca. Esse é o grande mérito da fotografia: o de trazer para o homem uma percepção que lhe ajude a estar no tempo que só a arte pode lhe proporcionar: a do tempo presente, que o faz duplicar e sentir-se perene em sua finitude.