Nietzsche e a Tragédia Como Criação, Colheita e Festa |
|
Author:
| Novo, Jean |
ISBN: | 979-8-3761-7264-3 |
Publication Date: | Feb 2023 |
Publisher: | Independently Published
|
Book Format: | Paperback |
List Price: | USD $5.40 |
Book Description:
|
O leitor tem em mãos um exame interpretativo da obra fundamental de Nietzsche, "Assim falou Zaratustra", exame que mostra como ela articula, a partir do conceito de trágico, noções centrais no pensamento de Nietzsche, como eterno retorno, vontade de poder, niilismo e transvaloração dos valores, procurando sempre apontar a ressonância dessas questões em outros momentos da obra do filósofo. O primeiro capítulo é uma breve leitura de "
O nascimento da tragédia", para...
More DescriptionO leitor tem em mãos um exame interpretativo da obra fundamental de Nietzsche, "Assim falou Zaratustra", exame que mostra como ela articula, a partir do conceito de trágico, noções centrais no pensamento de Nietzsche, como eterno retorno, vontade de poder, niilismo e transvaloração dos valores, procurando sempre apontar a ressonância dessas questões em outros momentos da obra do filósofo.
O primeiro capítulo é uma breve leitura de "O nascimento da tragédia", para contextualizar o problema e mostrar que se trata de algo muito sério e incontornável e que determinou os caminhos da filosofia ocidental.
No segundo capítulo do livro, "Zaratustra como herói trágico", eu faço uma análise do "Prólogo" procurando mostrar a particularidade dessa nova linguagem que Nietzsche utilizou para apresentar problema do trágico, recorro a referências pontuais de livros anteriores ao Zaratustra como a "Gaia Ciência", "Humano Demasiado humano". O capítulo é dividido em 3 tópicos, cada tópico representa um encontro e uma oportunidade de Zaratustra comunicar seu pensamento diante de um problema específico de acordo com o interlocutor: A conversa com o santo do bosque e a questão da resignação; o discurso à multidão e sua impossibilidade de gesto ou criação do novo; E a disputa entre o equilibrista e o palhaço, em que a figura do palhaço ilustra a caricatura da tradição metafísica em termos de tempo e linguagem.
No terceiro capítulo vamos trabalhar a noção de colheita como compreensão originária de linguagem que aparece no "Prólogo" e ressoa nos discursos "Do ler e escrever", "O convalescente", "O regresso", e "Do grande anseio". Para Heidegger, nosso comentador, o enfrentamento da questão sobre a essência da linguagem como caminho para problematizar a essência da arte nos conduz necessariamente ao pensamento de Nietzsche. Se por um lado Nietzsche é o consumador da metafísica ocidental, por outro lado ele aponta a superação da metafísica. Concordamos com Werle quando afirma que sem Nietzsche não poderia haver um questionamento radical do ser amparada na arte em Heidegger[1]. Heidegger chama de poético aquilo que revela a linguagem em seu movimento mais próprio, que é o de trazer à tona o que se mantêm encoberto. Por isso ela não se esgota em um sentido e em nenhum modo de apropriação do ser, pois ela possibilita toda a interpretação, assim como determina o modo como nos relacionamos com pessoas e coisas.
No quarto capítulo Pretendemos desenvolver os elementos que compõem a noção de festa em "Assim Falou Zaratustra" nos aproximando do modo como Gadamer apresenta esse conceito no livro "A atualidade do belo:a arte como jogo, símbolo e festa", supondouma relação muito próxima a Nietzsche nesse contexto. Não se trata de compreender Nietzsche a partir da reflexão de Gadamer, mas aproximar Nietzsche da tradição hermenêutica da filosofia do século XX. Gadamer reconhece no trágico um fenômeno fundamental da vida como obra de arte.[2] Isso é possível por duas razões: Em primeiro lugar, Gadamer percebe a relação entre silêncio e festa, como o sentimento de unidade quando somos tomados pela embriaguez artística. Zaratustra torna isso visível, na perspectiva do criador, enquanto ao mesmo tempo em que caminha rumo a mais desolada solidão ele procura "reunir" em sua busca por companheiros e participantes na criação como o caminho para si mesmo. Outro elemento importante na leitura de Gadamer diz respeito ao caráter provisório do sentido da interpretação das obras de arte, o que aponta para a arte como essa atividade humana de dar sentido a partir daquilo que é em si mesmo ausência de determinação, nos libertando da pergunta pela verdade.